Reflection: Nesse sentimento não há síntese, por isso nem título
Ah, quase ninguém vê...
Forasteiro em terra de veterano. Chegou devagarinho esse boi
manso e teimoso. Uma conversa despretensiosa com segundas intenções. Duas
conversas. Três. Quatro. Vontade de conversar, sentir a presença todo dia,
hora. Todo minuto. Não quero (me/ te) assustar. Eu pensei. Você pensou. Um passo de cada vez. Um passo mais próximo de
mim a cada vez.
Quanto mais o tempo passa...
Cada dia das férias tem um efeito sobre os passarinhos da
minha barriga. Eles assoviam ,voam, brincam e brindam. Cada dia de conversa por
mensagens, eles ficavam mais alvoraçados. 24 horas de conversa é pouco, quero
saber mais. Quero sua companhia todos os momentos. É Natal, Ano Novo, e todos
os dias que se rastejavam em janeiro. Eu quero você, sua companhia, sua
conversa, só que do meu lado. Todos os dias.
Mais aumenta a graça em te ver...
Saio no portão e o vejo de um jeito que eu não esperava.
Olhos verdes, barba, camisa apertada e cabelo raspado. 1,80 de muita coisa que
eu nem sabia q existia. Quem diria que os passarinhos conseguem assoprar um
ventinho frio dentro da minha barriga. Conversa agradável, comida boa e muitas
coincidências. Nem acabou e eu quero de novo. Nem acabou a pizza, nem levantei
do lugar, a noite nem acabou. Eu já quero de novo.
Ah, e sai sem eu dizer...
Entro pra dentro do portão. Decepcionada. Só comigo. Eu
deveria ter dito que queria sua mão para esquentar a minha. Eu deveria ter dito
que queria seu peito contra o meu. Eu deveria ter dito que queria teu abraço
pra me esquentar. Eu deveria ter dito que eu não queria que a noite terminasse
ali. Eu deveria ter dito que sua boca estava longe demais da minha.
Tem mais do que eu te mostro...
Você chegou devagar. Quieto, num canto. Todos foram um a um
cumprimentar. E eu lá estática, indiferente, agindo como se tudo fosse
rotineiramente normal, totalmente dona da situação. Mas, lá dentro, me
contorcia de ansiedade e de planos de como seria o melhor oi. Abraçava ou não.
Chegava perto ou não. Agora. Não. Vai agora. Não. Vai. Medrosa. Fui. Terríveis
olhos verdes que impossibilitavam desgrudar desse abraço.
Não escondo quanto gosto de você ...
Um quase primeiro encontro na minha cama. Um encontro de
almas e de vidas, se assim houver. Logo, embaraço em seus braços e fico presa
em seu olhar. Nada passa em minha cabeça, nem em volta dela. Só existe eu e
você e nosso mais novo canto. E um amor, que eu não nego, nem escondo. Sem
receio do eu te amo que escapou correndo pelos meus lábios.
O coração dispara ...
Você recebeu uma nova mensagem. Ei, tô aqui no seu prédio.
Quero te ver. Uma porta e meu medo nos separa. É inverno ou os passarinhos da
barriga congelaram? Eu estudo anatomia, mas eu tenho certeza que o coração se
move. Nessa vez ele subiu, subiu até chegar no pescoço e parou. Essa vontade
descontrolada de me descontrolar, de abrir a porta e mandar entrar e ficar na
minha cama até o outro dia. Sem festas. Sem amarras de boa moça.
Tropeça, quase para ...
Eu estava bem e equilibrada. Você chegou, me viu e passou
reto. Meu coração disparou, apertou. Tropeçou e se ralou. Eu te olhei, você não
viu. De longe, você me olhou, me segurou com a força da mente, fixou em mim, eu
vi. Meu coração deixou o tum-ta para o lado e começou a tropeçar em qualquer
calçada plana. Tum-ta-plaft no chão.
Me encaixo no teu cheiro ...
Enrolada nos melhores braços do mundo. Aconchegada no melhor
peito do mundo. Sentindo o melhor cheiro do mundo. As suas mãos escorregam nas
minhas pernas. Sobem pela minha barriga. Acariciam meus peitos. Voltam na minha
bunda para dar um aperto. Eu cochicho para não ter medo. Nossas cabeças viram,
devagar e ao mesmo tempo. Seu cheiro me preenche. Eu provo do seu gosto.
E ali me deixo inteiro ...
Sua boca encosta na minha. Uma. Duas. Centenas de vezes.
Nossas línguas se encontram pela primeira vez, parecendo que já fosse
companheiras há vidas. Desce pelo pescoço, colo, peitos. Afasta a alça do
sutiã. Afasta a calcinha. Encosta seu corpo no meu. Arrepia-me. Eriça-me. Dança
sobre mim. Sinto seu peso. Você me prova. Tudo desaparece. Murmúrios concomitantes,
gemidos conjuntos e respiração ofegante síncronas.
Eu amei te ver ...
Quando chegou.
Eu amei te ver ...
Quando ficou.
Eu amei te ver ...
Quando permaneceu.
Comentários
Postar um comentário